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A Menina das Rosas

Aconselhada pela Gulbenkian na sua Casa da Leitura, esta narrativa é, na verdade, uma versão poetizada da vida da Rainha Santa Isabel no seu amor incondicional por Dinis e Afonso, marido e filho. 
Mediadora constante nas lutas entra pai e filho, porque portadores de temperamentos opostos, a história inicia-se com uma carta da rainha a D. Dinis que se encontra em Lisboa com um exército, pronto a defrontar Afonso e os seus seguidores.
Embora o narrador seja extradiegético, porque fora da história, concede à Menina das Rosas o desvendamento da sua interioridade, ora através do diálogo, ora da corrente de pensamento. E é assim que, a partir do primeiro acontecimento supracitado, perpassa uma vida dedicada ao apaziguamento das relações entre pai e filho, e do seu próprio apaziguamento. Faculta-se ainda à protagonista um ponto de vista pessoal e é nessa construção que a poeticidade decorre, surgindo uma figura feminina sofredora, mas lutadora, evocando os bons e os maus momentos de um matrimónio e de uma maternidade difíceis. Num diálogo entre marido e mulher, no leito de morte de Dinis, desmistifica-se o milagre das rosas de uma forma muito humana e emocional. E é, por isso, que o titulo se apresenta como ” Menina das Rosas”. A par da forte carga semântica de Rosa, antepõe-se o vocábulo Menina, outro grande referente poético que consistirá no fio condutor da narrativa: Isabel é portadora do primordial, por rejeição do acessório e do transitório, mau grado o tempo implacável. 
A ilustração de Sandra Nascimento dialoga com o texto escrito, reforçando o maravilhoso da proposta narrativa ao conceber num traço figurativo polícromo as situações que se desdobram nas páginas como um tapete persa prestes a levantar voo. E, por isso, a ilustração é estruturalmente cinética. A única representação estática é a da capa, enunciadora de um perfil feminino intemporal, expressão do duradouro e do eterno.
A estes efeitos ajudou o trabalho de design e paginação de Anabela Dias.
A partir dos 8 anos

Manuela Maldonado, Solta Palavra 14, Boletim do Centro de Recursos e Investigação sobre Literatura para a Infância e a Juventude, secção «Favoritos», 2009.