No seu jeito de versejador dotado, dedicando o livro a Manuel António Pina e a Álvaro Magalhães cujo conceito já trabalharam em livros das respetivas autorias, João Manuel ensaia rimas estruturadas em adivinhas, trava-línguas, limericks, lengalengas, tudo enquadrado em operações matemáticas de adição, subtração, multiplicação e divisão.
Com muita imaginação, o Real troca as voltas à matemática e, daí o título. Vejam-se os poemas intitulados: Contas do real; O quilo e o grama. Também a afetividade contraria a matemática como é o caso das composições: Grandezas e miudezas; Cálculo mental. Presume-se uma adesão fácil da criança a este tipo de desafios respaldado por ritmos e rimas de fruição imediata.
A designer e ilustradora, Ana Lúcia Pinto, ao entender o texto escrito, coloca uma criança numa espécie de balão-baloiço ondulante com o movimento dos pássaros, mas ligado às raízes por umas fitas de tons verdes, a cor da terra, porque desmatematicar está entre o que é e o que pode ser.
Manuela Maldonado, Solta Palavra 18, Boletim do Centro de Recursos e Investigação sobre Literatura para a Infância e a Juventude, secção «Favoritos», 2012.
