Livros

Notícias fugazes do amor

Notícias Fugazes do Amor, um livrinho de poesia a perguntar pelo curso das mágoas de certas tardes.

Trata-se de um conjunto de poemas, não paginados e, talvez por isso mesmo, nos vemos neles menos perdidos, a espreitar em cada canto o seu autor, um artífice na composição de letras, palavras, versos. 

Ao ler estes poemas, penso, que há de haver sempre um verso inóspito e saliente a fustigar-me a vida e a fazer de mim um incessante aprendiz. Porque têm ritmo, cadência, fluidez e, acima de tudo, têm algo que lhe vem da alma, aqueles sentimentos do baú, idênticos aos que experienciei ao ler o Meu Avô, Rei de Coisa Pouca, e que vertem neste livro para mãos que pernoitam na soleira da quietude; ou um qualquer murmúrio que te pesa; enfim, sobre a cor branda dos dias.

Fiquei, depois da leitura destes versos, com a noção de que, alguns deles, davam excelentes epígrafes, quiçá, poderiam ser selecionados para títulos de livros. Tão concisos são, de tão certeiros, são versos que apontam caminhos. Soubeste reescrever-(te) no silêncio; parir poemas com rima n’o estilhaço entre as pernas e as palavras.   

O poema, Na Tenda Invisível do Riso, é cheio de palpável, de visualidade, desde que trepaste à figueira para colher os figos, até dos cabelos da amada fizeste teu ninho.

Parabéns!, porque há nestes versos vestígios de mel, tu sabes disso porque os escreves, há a entrega dos braços à faina de gestos maduros, há uma voz inaudível de silêncio, nesse coração, lugar incomum onde se conjuga a vida.

Obrigado!, é o mínimo que pode dizer o leitor, quando um poeta lhe faz chegar aos seus ouvidos este rumor de silêncio.

António Canteiro (24-05-2017)