“O Semáforo Chorão” (1ª edição de dezembro de 2015) tem ilustrações, design e paginação de Hélder Barbosa, animador, ilustrador e designer gráfico, que aqui, em boa hora, se estreia na Literatura Infantil, desafiado pelo autor, na sequência do Mestrado em Ilustração e Animação (MIA), no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave. O livro, de aparência discreta e despoluída, tem um formato pequeno, quadrangular (15x 15) e, se desdobrado na totalidade, revela, na capa, uma paisagem citadina em que o semáforo e o menino se entreolham, cúmplices; na contracapa, um pormenor de um bairro. As guardas anteriores e posteriores, articuladas, funcionam como narrativa embrionária, partindo do semáforo humanizado e solitário, à espera, e chegando ao mesmo semáforo, exercendo as suas funções perante três meninos, atentos e respeitadores. O texto, breve e comedido, metafórico, conta a história de um semáforo, “igual a todos os outros”, na aparência, mas diferente dos seus irmãos porque é dotado de sensibilidade. Sendo “amigo das pessoas”, fica triste e chora, sobretudo se os meninos não ligam às suas indicações. O narrador, solidário com ele, alerta os meninos para a necessidade de lhe obedecerem e de evitarem, assim, a sua tristeza e a de todos os outros. A ilustração digital, com cores suaves, ora claras, ora escuras, amplia harmonicamente, as sugestões da narrativa e sublinha, com destreza, as preocupações, as impaciências, as tristezas, através da expressividade dos olhares, dos movimentos, do jogo entre as pausas reflexivas do menino – alargando o espaço da ilustração e fazendo coincidir esse alargamento com os dois momentos-chave da história: quando a criança narradora para para observar o choro do semáforo (“Assim parece, a julgar pela humidade que escorre pelo seu corpo e pela poça de água que se acumula aos seus pés.”); e quando interroga, retoricamente, os outros meninos acerca dos seus sentimentos se “os outros fizessem sempre o contrário do que deve ser feito”.
Preocupações cívicas desde a infância nunca fizeram mal a ninguém e parecem cada vez mais necessárias. Aqui está, pois, o “Semáforo Chorão”, editado pela Trinta Por Uma Linha, a despertar leituras e consciências.
Leonor Riscado, na apresentação do livro, na Livraria Velhotes, a 23 de janeiro de 2016.
Álbum de pequeno formato, editado pela Trinta Por Uma Linha, tem texto e João Manuel ribeiro e ilustrações de Hélder Barbosa.
A história, contada por um menino, alerta os outros meninos para a necessidade de respeitarem os sinais que o semáforo, sempre amigo, lhes envia. Ele quer protege-los e sofre se, porventura, não lhe prestam atenção ou se correm riscos desnecessários.
Texto simples, com elementos poéticos discretos, desenrola-se no cenário da ilustração digital. Esta, por sua vez, através do contraste entre o claro e o escuro, sublinha as emoções das personagens.
O livro permite, assim, de forma eficaz, veicular valores e promover comportamentos interpessoais atentos e solidários.
Leonor Riscado, na revista Pais&Filhos, de setembro de 2016.