O RAPAZ DA BICICLETA DE VENTO E OUTRAS ANDANÇAS
Está de regresso o João Manuel do texto poético e dos trocadilhos linguísticos, dois modos de contar tão consentâneos com a alma infantil.
As duas primeiras narrativas fluem ao ritmo do tempo e do espaço imaginários onde as descobertas não precisam de lugares físicos para serem guardadas porque “feitas da matéria dos sonhos”.
Se na primeira narrativa, que dá o título ao volume, se desencadeiam as cinesias de viagens infindáveis pelo maravilhoso, na segunda – O Encanta Pardais Voador –, parte-se do estaticismo de um espanta-pardais, para o movimento interior de um coração maior que o mundo: de espantalho, torna-se um encantador.
Nas outras três histórias são os jogos linguísticos e semânticos que desencadeiam histórias. Se a primeira – Ir num Pé e voltar Noutro, remete para o cotidiano das travessuras de um jovem com seus pares, já… Uma Família com Nuvens na Cabeça faz de um menino noctívago e estranho o timoneiro da paixão da família pelo espaço sideral, ou não tenham o apelido Polaris.
Por último e, talvez a mais criativa de todas, jogando-se com a palavra choramingas, é-se envolvido por uma trama em que avô e neto, sendo protagonistas, resolvem um problema de raiz: “ o “cinzentismo” da existência, mitigado pelo imaginário.
De um neto enfezado, o avô fez dele um gigante como contador de histórias.
O texto icónico de Marta Madureira, de traço plurissignificativo e cromaticamente apelativo, dialoga inteligentemente com o texto escrito. (A partir dos 7 anos).
Manuela Maldonado, Site da RBEP (Rede de Bibliotecas Escolares do Porto, 2010).
CONTAR E RECONTAR
Acabado de chegar às livrarias, O Rapaz da Bicicxleta de Vento e Outras Andanças tem cinco histórias. Duas são recontos: a que dá título ao livro e a que fala de um espanta-pardais que se transaforma em encanta-pardais. Numa escrita ritmada e imaginativa, o autor conquista o jovem leitor para ambientes com que raramente convive. Como o campo, a aldeia e a noite. Textos muito bem acompanhados pelas ilustrações de Marta Madureira.
Rita Pimenta, Pública (Blog Letra Pequena), janeiro 2010.